Jardim de Luxemburgo: a história

O Jardim de Luxemburgo é parte do Palácio de Luxemburgo, atual Senado francês. – Foto: Pixabay
O Jardim de Luxemburgo é um dos lugares mais antigos da França, criado em 1612 a pedido da regente Maria de Médici. A então governante do país exigiu um palácio pessoal que a lembrasse suas origens na Itália, já que não estava satisfeita com as acomodações do Louvre.
Assim, ela adquiriu as propriedades de François de Luxembourg, um quilômetro ao sul da residência da monarquia francesa e fora das imediações parisienses da época, para construir seu próprio jardim.
A principal inspiração de Maria de Médici era o Palazzo Pitti, que compreende o Jardim Boboli, na cidade italiana Florença, onde nasceu. No início, o jardim do terreno de Luxembourg possuía 8 hectares, e, com a ampliação e anexação ordenada pela regente, chegou a abranger 30 hectares particulares.
Maria de Médici contratou como arquiteto responsável Salomon de Brosse, além de artistas para desenvolverem e mobiliarem sua nova residência. Mas esse era apenas o início de sua história.
Em 1642, a idealizadora do Jardim de Luxemburgo falece e seu filho Gastão, Duque de Orleans, herda o palácio como novo regente da França. A partir de então, o edifício sofre diversas mudanças de proprietários e reformulações estéticas. É nesa época que os jardins são abertos pela primeira vez ao público, tornando-se algo parecido com um parque. Posteriormente, ainda seria transmitido para o Rei Luís XIV em 1694, e foi a casa da notória Duquesa de Berry entre 1715-1719. O palácio voltou a ser habitado apenas em 1778, pelo Conde da Provença.
O Palácio de Luxemburgo chegou a ser um museu no século XVIII, além de prisão durante um pequeno período da Revolução Francesa, tribunal e residência de Napoleão Bonaparte em 1799. Durante a segunda guerra mundial, foi ocupado por alemães até ser libertado em 1944. É somente em 1958 que passa a ser a sede do Senado da Quinta República, função exercida até os dias atuais.
O jardim nos dias de hoje
Atualmente, o Jardim de Luxemburgo possui aproximadamente 23 hectares, que são administrados pela prefeitura de Paris. Os visitantes que entram no grande parque podem sentir a história sendo contada através das imponentes construções e monumentos que foram erguidos ao longo dos séculos de sua existência.
O local é um dos pontos turísticos mais visitados de Paris, mas também é diariamente frequentado pelos moradores locais, por se tratar de uma área de lazer preservada e muito agradável, principalmente nos períodos mais quentes do ano. Hoje, há uma estimativa de que o jardim conte com 3.500 bancos e 4.800 cadeiras, recebendo até 100 mil visitantes nos dias mais cheios e 4 milhões de pessoas por ano.
No verão parisiense, uma imagem muito conhecida pode ser vista nos gramados: uma multidão tomando sol e fazendo piquenique em toalhas estendidas no chão. No entanto, essa prática só é permitida em alguns jardins específicos, já que na maior parte de Paris é proibido pisar na grama. No Luxemburgo, a seção exclusiva é os Jardins de L’Observatoire.
O espaço ainda conta com seis campos de tênis, quatro quadras de bocha, uma quadra de basquete, um coreto, tabuleiros de xadrez, salões de exposições, além de parques infantis, passeio de pôneis, barquinhos a vela e restaurantes. Conheça abaixo duas das principais atrações mais visitadas no Jardim de Luxemburgo e suas respectivas histórias.
Rainhas no Jardim

Margarida de Anjou, a última estátua instalada. – Foto: wallyg on Visualhunt.com / CC BY-NC-ND
Um componente significativo destes jardins são as estátuas das rainhas da França, além de outras mulheres importantes que fizeram parte da evolução do país no passado. No total, são 20 obras que representam o poder feminino, levando pelo conjunto o nome de Reines de France et Femmes Illustres (rainhas da França e mulheres ilustres).
As esculturas de mármore estão dispostas em torno de um lago na frente do Palácio de Luxemburgo, como um museu a céu aberto, a maioria encomendada no ano de 1843 pelo rei Luís Filipe I.
Cada uma foi feita por um artista diferente, apesar de seguirem o mesmo padrão e tamanho, em média 2,40m de altura. As personagens em questão governaram a França como rainhas ou regentes, ou então foram duquesas, padroeiras ou figuras influentes na época.
As mulheres esculpidas presentes hoje, na ordem em que estão posicionadas, são: Batilda, Berta de Laon, Matilde de Flandres, Santa Genoveva, Maria Stuart, Joana d’Albret, Clémence Isaure, Ana Maria Luísa de Orleães, Luísa de Sabóia, Margarida de Anjou, Laura de Noves, Maria de Médici, Margarida de Angoulême, Valentina Visconti, Ana de França, Branca de Castela, Ana de Áustria, Ana de Bretanha, Margarida da Provença e Clotilde da Borgonha.
Joana d’Arc, a mais famosa líder militar da França no século XV, estava originalmente na composição das obras. No entanto, foi movida para o Museu do Louvre, em 1872, para ser mais bem preservada e a substituíram então por Margarida de Anjou.
Fonte de Médici

A Fonte de Médici sofreu grandes alterações desde sua instalação. – Foto: wallyg on Visualhunt.com / CC BY-NC-ND
Construída a pedido da regente Maria de Médici, assim como boa parte do parque, a Fonte de Médici é um dos monumentos mais visitados no Jardim de Luxemburgo. O projeto foi idealizado pelo engenheiro italiano Tommaso Francini, em 1630, que utilizou influências da arquitetura de seu país no desenho. A conclusão do trabalho é de Salomon de Brosse, no mesmo ano.
Os domínios dos jardins recebem o maior número de visitantes durante o verão e a primavera. Nesas estações, é muito comum ver as pessoas descansando ao redor dos gramados e da Fonte de Médici. Por seu tamanho e beleza, é um prestigiado monumento do parque, admirado tanto pelos franceses quanto pelos turistas.
Por ser uma obra com séculos de existência, algumas modificações foram feitas ao longo dos anos para restauração. Uma das reformas foi comandada por Napoleão Bonaparte, em 1811, que incluiu uma estátua de Vênus no centro.
As mudanças incluíram até mesmo a transferência da fonte para outros lugares do Jardim, levando as pedras originais à nova localização, mais perto do Palácio, e dando espaço para a construção da rua de Médici. Esas alterações foram marcadas por mudar significativamente a aparência da fonte.
A Fonte de Médici ainda conta uma história da mitologia grega, por meio das estátuas que fazem parte do conjunto, encomendado por Alphonse de Gisors. Trata-se de obra de Auguste Ottin representando o gigante Polifemo, filho de Poseidon, em bronze, descobrindo os amantes Ácis e Galatéia, esculpidos em mármore branco.
Segundo o mito, quando o ciclope Polifemo mata Ácis por ciúmes, Galatéia transforma o amado em um espírito de rio imortal. O monumento foi instalado em 1866 e é a principal arte da fonte até hoje, substituindo a Vênus.
Informações gerais
Onde fica?
O Jardim de Luxemburgo está no bairro Quartier Latin, em Paris. Pertence ao 6º arrondissement da cidade, uma divisão administrativa que pode ser correspondida a vilas.
O grande parque localiza-se em uma das principais regiões de Paris, sendo um importante ponto geográfico e cultural. Há entradas na Rue de Vaugirard, Place Edmond Rostand, Place André Honnorat ou Rue Guynemer.
Como ir?
É possível chegar ao Jardim de Luxemburgo através de duas opções de transporte público. Próximas ao Palácio, estão a estação Notre-Dame-des-Champs, da linha 12, para quem opta pelo metrô, ou também a parada Luxembourg, da linha B, caso a escolha seja o trem.
Lugares próximos
O Palácio de Luxemburgo está rodeado de igrejas, museus e monumentos, além de parques e bairros famosos e bastante frequentados. Bem perto do Jardim de Luxemburgo estão outros importantes pontos turísticos da França.
Logo ao lado, a pouco mais de 600 metros de distância, está localizado o Panteão de Paris, um grande monumento do movimento neoclássico. A construção teve diversas funções ao longo das décadas e hoje abriga os túmulos de célebres personalidades francesas, como Voltaire, Jean-Jacques Rousseau e Alexandre Dumas.
A 500 metros dos jardins, encontra-se a Igreja de Saint Sulpice, um edifício que demorou mais de dois séculos para ser finalizado e apresenta o marcante estilo de torres desiguais. Durante a construção, a igreja sofreu diversas alterações, expansões e mudanças de arquitetos responsáveis, agregando, hoje, diversas atrações históricas. É conhecida também por ser mencionada no best-seller O Código da Vinci, de Dan Brown, o que atraiu muitos turistas fãs do livro.
Outros lugares conhecidos próximos ao Jardim de Luxemburgo são o Museu Cluny, localizado a 630 metros. O Quartier Latin de Paris é um bairro bastante animado e movimentado da região, a cerca de 900 metros do Palácio. Finalmente, a um quilômetro de distância, está a Sainte Chapelle, uma grande capela gótica construída no século XIII.

A atividade mais comum no Jardim de Luxemburgo é relaxar. – Foto: ScotchBroom on VisualHunt / CC BY-NC
Paris apresenta centenas de opções de atividades turísticas, seja nas ruas, parques e museus, sendo a cidade mais visitada de toda a França. E oJardim de Luxemburgo é um lugar altamente recomendado por sua importância histórica e cultural na cidade.
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